Autoconhecimento e o Poder Comunicacional

O que pretendo chamar atenção aqui é a importância que as características comportamentais e motivacionais tem na comunicação. Não basta sermos exemplares em nossas especialidades. Devemos ser capazes de nos conectar sem mal-entendidos e para isso algumas características necessitam ser desenvolvidas, tais como o bom desempenho da empatia, simplicidade, carisma e persuasão.

De acordo com Kyrillos, “a comunicação é uma competência cada vez mais valorizada e por meio dela nós construímos percepção, tocamos nosso interlocutor, nos expomos, alcançamos o outro. Produzimos impacto já nos primeiros segundos de conversa…as reações obtidas determinam o alcance dos nossos objetivos ou não, a realização das nossas metas, as maiores ou menores oportunidades pessoais e profissionais.”

Transmitimos uma mensagem não apenas através do que di­zemos, mas como a dizemos, de modo verbal, não verbal (gestos, expressão facial, postura corporal, tonalidade da voz, velocidade da fala, ritmo, pausas) ou por escrito.

No que se refere a comunicação, é importante mencionar que trata-se do processo pelo qual um emissor e um receptor estabelecem uma conexão por meio de uma mensagem que lhes permite trocar ou compartilhar ideias e informações. Em um sentido mais profundo, comunicar-se é compartilhar um pouco de nós mesmos com os outros.

Trazendo a comunicação para um contexto mais amplo, tudo comunica. A nossa escrita, a linguagem que usamos, o estado das nossas roupas, os acessórios que usamos, a nossa postura e gestos, tudo!

É essencial nos conhecermos para que saibamos o porquê e o para quê agimos de uma forma ou de outra. No processo de autoconhecimento descobrimos o que determina nosso comportamento, bem como examinamos nossas crenças, atitudes e escolhas. Também enxergamos nossas maiores possibilidades e nossos talentos.

Imagine que tudo isso constitui o conceito que temos de nós mesmos. E a forma como nós somos vai determinar como compartilhamos nossa comunicação.

Por isso, utilizo muito nas minhas mentorias em comunicação, a ferramenta Eneagrama¹ para elucidar como cada eneatipo tem seu próprio jeito de se comunicar e tentar satisfazer suas necessidades.

Ao compreendermos como cada estilo se comunica, nos tornamos mais compreensivos e capazes de resolver divergências e ruídos na comunicação.

Algumas formas de se expressar podem dar muito certo em alguns lugares e em outros não. Às vezes podem surgir conflitos, quando pessoas com diferentes Tipos de personalidade do eneagrama interpretam  mal umas às outras e tiram conclusões precipitadas.

Temos nossos próprios estilos, nossa própria natureza e isso é genial!!

E para nos comunicarmos com eficácia devemos acessar nossa capacidade de desenvolver habilidades de adaptação às atividades que necessitamos desenvolver.

Quando vivenciamos o uso da dinâmica do eneagrama, entendemos que A forma pela qual somos motivados, e como isso irá influenciar em como transmitimos e recebemos as informações.

Podemos ser motivados por: flexibilidade, reconhecimento, sucesso, disciplina, empatia, sinceridade, autenticidade, humor, coragem, imagem, cordialidade, singularidade, racionalidade, prazer, tranquilidade, perfeição e poder.

Assim como alguns vícios emocionais vão nortear nossos comportamentos, comunicação não verbal, verbal. Reflita como o orgulho, a vaidade, a inveja, a retenção, a preocupação, medo, o excesso, a racionalização, o controle, o comando, a raiva, a indignação, a apatia e a preguiça, influenciarão na sua voz por exemplo!!!!

No dia a dia, em reuniões, onde há uma tensão causada pelo controle do tempo e pela própria ansiedade de como sermos eficazes na transmissão de tanto conteúdo, somos muitas vezes afetados por nossos maiores vícios e também por nossas maiores motivações.

E isso pode ser muito prejudicial ou muito benéfico em como podemos agregar produtivamente.

Por exemplo, é muito desafiador para uma pessoa passiva e mais tímida conseguir falar de uma maneira confiante e se expressar diretamente.

Já outra pessoa que se comunica de uma maneira que tende a ser específica e cerebral, focada em pensamentos e ideias é desafiador evitar falar de uma maneira seca e distante. Para essas pessoas é interessante terem como meta se comunicarem com os outros com base em sincero interesse e envolvimento com mais histórias próprias.

Outras pessoas precisam mais de clareza e racionalidade para apoiar os sentimentos ao invés de se comunicarem de maneira dramática, instável e sem fundamento.

Temos também aquelas mais vaidosas, que transformam sempre seus discursos em autopromoção e necessitam interiorizar mais naturalidade e sintonia com aquilo que desejam comunicar.

Ao estarmos diante de pessoas que gostam de aceitar desafios e tomar decisões mais rápidas, podemos observar uma comunicação mais direta, confiante, veloz, vigorosa e que pensa “em voz alta”.

Como observamos até agora, independente de todos os estilos de comunicação, para nos expressarmos efetivamente precisamos passar para os ouvintes exatamente o que queremos dizer.

Precisamos ter o desejo de sermos entendidos.

Quando desejamos nos conectar com as pessoas para transmitir a informação que desejamos passar, necessitamos estar abertos para nos olhar, olharmos em volta e assim prever problemas e possíveis desvios na comunicação.

Para conquistarmos atenção desde o começo de nossa fala e mantermos os ouvintes acompanhando o raciocínio, e o recebimento da mensagem, devemos aliar o Tom de voz, entonação correta, poder de síntese e termos Clareza sobre nossas ideias.

Lembre-se que quem é capaz de se comunicar de forma bem articulada e sensata, defenderá melhor seus pensamentos, produtos ou serviços, e influenciará positivamente seu ambiente sem desperdiçar o tempo tão precioso de todos os profissionais envolvidos.

Aliado ao aspecto comunicacional sabemos que para desenvolver habilidades que são mais subjetivas, precisamos investir em autoconhecimento, aprimorar nossa inteligência emocional e enxergar em nós mesmos a possibilidade de mudança e crescimento pessoal.

Mais uma vez saliento o uso do Eneagrama  aliado ao trabalho com a comunicação, pois é uma excelente ferramenta para facilitar essa mudança.

Daniel Goleman, Richard Boyatzis e Annie McKee, destacam que usar  adequadamente as próprias emoções e despertar sentimentos positivos nas equipes, é fundamental para uma liderança efetiva.

Podemos entender com a reflexão abordada pelos autores, que as emoções dos líderes influenciam profundamente o desenvolvimento de uma empresa, tanto positiva quanto negativamente. Portanto utilizar as competências da inteligência emocional, como empatia e a autoconsciência são importantíssimos nas interações comunicacionais.

Para sermos assertivos em nossa comunicação, além das palavras ditas e nossa capacidade de escutar os outros, lembre-se que a linguagem não-verbal, (principalmente as características vocais) pode fornecer pistas muito claras de quem somos e quais são nossos valores e interesses.

Por isso muita atenção e muita sinceridade com você mesmo na construção de seu discurso. Intensifique seu olhar para suas virtudes, seus vícios emocionais, seus mecanismos de defesa e perceba o quanto tudo isso influencia sua comunicação.

Ter consciência de si permite que você execute sua autogestão. A autogestão permite um aumento da capacidade de gerir nossas emoções e atitudes, diminuindo a reatividade egóica perante aos eventos externos. E isso é importantíssimo nas relações.

Trabalhar nisso requer treino diário com nossas emoções, com nossos pensamentos e comportamentos para que aumentemos a efetividade entre o que desejamos dizer, convencer, influenciar e empreender.

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